terça-feira, 30 de março de 2010

Dieta contra Alzheimer (Marina Verjovsky)

Ciência e Saúde

Cientistas brasileiros começam a testar em humanos uma nova substância de prevenção ao Alzheimer.

O método consiste na simples reposição de um aminoácido chamado taurina, que é abundante no cérebro de jovens e diminui sua concentração conforme o avanço da idade.



O grupo comandado pelo pesquisador Sérgio Teixeira Ferreira, do Institutode Bioquímica Médica da UFRJ, descobriu o efeito da taurina a partir de estudos que buscavam entender como as proteínas presentes no cérebro estimulam a doença e afetam os neurônios.



Hádez anos, já se sabia que um dos principais vilões do Alzheimer são fragmentos de proteínas chamados de oligômeros. Eles estão presentes nocérebro de idosos e são tóxicos aos neurônios. Porém, não se sabia comoatuam.



Então,a equipe da UFRJ identificou recentemente que esses fragmentos se ligama partes importantes dos neurônios, o que atrapalha a "conversa" entre eles. Por exemplo, os oligômeros reforçam muito a interação das células neurais com outro aminoácido, chamado glutamato. "O glutamato é aprincipal fonte de excitação do neurônio, sem ele não existe memória",explica Ferreira. "Porém, em excesso, é prejudicial e pode levar àperda de memória e até à morte do neurônio".



Assim,quando há uma ligação muito forte do glutamato, o neurônio fica desregulado, o que faz a pessoa perder a memória. Portanto, esta seriaa etapa correspondente aos primeiros sintomas da doença. Depois de umtempo, este neurônio morre, o que acarreta em danos mais graves e naprogressão do Alzheimer (como a perda de capacidade motora).



Atéhoje ainda não é possível ressuscitar neurônios que já morreram, mas existe um antídoto contra essa desregulação ? é aí que entra a taurina.Ferreira conta que sua equipe já verificou, em neurônios cultivados emlaboratório, que o aminoácido taurina anula os efeitos danososprovocados pelos oligômeros e glutamato e restabelece a saúde das células.



Comose trata de uma substância segura, que já é usada clinicamente para tratar outras enfermidades, a equipe já começará a testar em grupos deidosos se a reposição desse aminoácido é capaz de prevenir ou atéresgatar a perda de memória. Para isso, eles já formaram parceria comum hospital carioca e procuram por mais clínicos que possam organizar grandes grupos de idosos saudáveis (e constantemente monitorados), interessados em participar como voluntários.



Aomesmo tempo, o grupo testará o efeito da taurina em camundongos, geneticamente modificados para apresentarem a doença de Alzheimer. Assim, acompanharão as possíveis modificações no cérebro dos animais.



Vale lembrar que a taurina é freqüentemente adicionada às bebidas energéticas e também pode ser encontrada em alimentos de origem animal - como peixes, frutos do mar, aves e carne bovina."Porém, é preciso realizar os testes para saber quanto do aminoácido é permitido ingerir", ressalva Ferreira. "Mas se funcionar, será realmente uma solução muito simples", torce.

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